domingo, 5 de junho de 2011

Mas onde entra o psicólogo nesta história?

O Homem se distingue dos animais através da linguagem e do trabalho. Como Aranha afirma “Além de humanizar a natureza, além de proceder à ‘comunhão’ (à união) das pessoas, o trabalho transforma o próprio ser humano”. 
Este assunto deve ser tratado de maneira especial pelos psicólogos e por todos aqueles que querem entender como o homem transforma a natureza e ao mesmo tempo se constrói.
Sabemos que a psicologia é a ciência que estuda o comportamento dos indivíduos (este entendido como um ser biológico e socialmente formado). Bem, o comportamento apresentado é determinado a partir da maneira como a natureza é transformada para a atender às necessidades de sobrevivência deste indivíduo. A partir disso, entende-se que o Homem tem seu comportamento determinado pelo seu trabalho. Torna-se clara a importância do psicólogo em analisar o trabalho do Homem e a influência que sua vida sofre com as mudanças que ocorrem quando a produção muda.
Já existe um ramo da Psicologia dedicado ao trabalho: Psicologia Organizacional e o seu representante (Psicólogo Organizacional). Baseado na teoria vista este profissional deveria atuar no Departamento de Recrutamento e Seleção de pessoas designando os indivíduos mais aptos nos cargos que exigem qualificações especificas, bem como oferecer treinamento de adequação a empresa e ministrar palestras motivacionais.
Contudo a realidade é outra, o psicólogo organizacional é colocado como um instrumento adicional para manter a alienação que existe em relação ao trabalho, tendo como função adequar o trabalhador às condições da empresa modificando e controlando seu comportamento: colocar a pessoa certa para a função certa e diminuindo as probabilidades de erros, com o propósito de diminuição dos custos por parte da empresa. A meta é um lucro maior e a obtenção de mais capital, ou seja, para a empresa, o psicólogo é importante para a escolha de seus funcionários e para a manutenção do bom andamento da produção.
Concordamos com Codo quando este diz que o psicólogo organizacional deveria equilibrar suas funções: não só agir de acordo com a empresa, pois pode deixar de cumprir seu papel como psicólogo, mas também relevar algumas ordens, pois o psicólogo não deixa de ser um funcionário.
Nas relações de trabalho podemos notar a presença do psicólogo organizacional atuando contra agressões aos trabalhadores também. Bem sabemos que o trabalho hominiza o homem, e qualquer interferência na linha de produção pode causar danos profundos ao indivíduo. Margarida Barreto recentemente levantou uma questão que deve ser estudada por psicólogos sociais. O assédio moral, que é caracterizado por exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções têm ganhado espaço. O funcionário após uma “jornada de humilhações” pode, entre outras coisas, pedir demissão ou se matar. Prevalece o menosprezo e indiferença pelo sofrimento dos trabalhadores, que mesmo adoecidos, continuam trabalhando. A política do medo faz a produção aumentar, mesmo que os trabalhadores não tenham condições de desempenharem suas funções plenamente. É a lei da mais-valia que incita comportamentos como o de diminuir salários dos doentes ou acidentados quando retornam ao trabalho. O capital está presente e determina as relações entre funcionários e chefes, e proporciona um risco à saúde.
Cabe aos psicólogos dentro da indústria promover a informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Mesmo sendo um funcionário, este deve atuar de maneira constante contra todos os riscos que interferem nas relações sociais estabelecidas dentro da empresa. A alienação pode (e deve) ser combatida e ser alcançada no momento que o sujeito-produtor valorizar seu produto. Isto irá transformar as relações de trabalho.



Entrevista com Psicólogo

  1. Como você vê o papel do psicólogo na organização atualmente?
Acredito que hoje, mais do que nunca e extremamente necessário. Pois, quando se contrata este tipo de trabalho, e sinal que o olhar passa a ser para o SER HUMANO, e não mais focado somente na lucratividade. O que as empresas que enxergam longe, percebem que trabalhando o SER HUMANO, a conseqüência é uma só, resultados positivos.

  1. Você concorda com a teoria marxista onde o trabalho é alienado e impera a lei do mais valia?
Não tenho conhecimento sobre esta teoria.
  1. Como você define o trabalho hoje?
O trabalho do psicólogo hoje precisa superar as expectativas, do empresário contratante, dos colaboradores e principalmente dos clientes. Isso exige muito alem das funções básicas. É preciso um trabalho altamente eficiente, como: trabalho de reciclagem com todos os colaboradores, capacitando-os para interagir em equipe e com os clientes, analisar perfis e condutas, e assim satisfazer as necessidades internas e externas. O resultado é garantido, ótimo ambiente de trabalho, colaboradores motivados e clientes satisfeitos.
  1. Como é a relação entre o psicólogo organizacional e o empregado?
É importante que seja clara e positiva, e necessário que o colaborador não veja o psicólogo como mais um chefe, e sim como um facilitador (uma ponte entre os objetivos dos colaboradores e os objetivos da empresa).
  1. Qual a sua perspectiva sobre o psicólogo organizacional?
Acredito que o campo aumente a cada dia, pois existe inúmeros campos de atuação, e hoje esta necessidade não é só exigida por grandes empresas, hoje algumas pequenas e médias empresas já percebem esta necessidade. O fato é que nem todos os psicólogos saem preparados para esta realidade.
  1. Qual é o ramo organizacional mais promissor para o psicólogo?
Sinceramente, não sei. Mas tenho certeza de que depende muito mais do DIFERENCIAL dos profissionais, isso sim é com certeza promissor.
  1. Qual sua posição frente o assédio moral no trabalho?
Este fato acontece constantemente na maioria das empresas, quanto maior for a empresa, maior e o numero de colaboradores assediados moralmente.
  1. Quais medidas podem ser tomadas para prevenir e combater o assédio moral?
Penso que isso só ocorre, devido à falta de informação, de segurança e auto-estima baixa. Se nós psicólogos, trabalharmos a conscientização dos colaboradores e dos empresários e líderes, isso poderá mudar muito.
  1. Quais são as dificuldades mais freqüentes na vida diária do psicólogo organizacional?
Bem, no meu caso foram muitos, pois o mercado nos coloca em uma situação de busca e descoberta constante. Há muitas mudanças rápidas, do mercado, dos clientes, da concorrência, do comportamento humano... Isso exige muito mais habilidades do profissional do que a psicologia oferece durante o curso. Uma das maiores dificuldades que eu tive foram: falta de informação administrativa e financeira.
  1. Que procedimentos poderiam ser utilizados para dimensionar o assédio
moral entre as várias categorias de trabalhadores?
Talvez incentivando a denúncia, com uma pena justa, reduziria o número de assédio e daria para medi-lo através de registro.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

ALBORNOZ, Suzana. O que é trabalho? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1992.
ARANHA, Maria L. A., MARTINS, Maria H. P. M. Filosofando. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

BARRETO, Margarida et al. O que é assédio moral. Disponível em:
< http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMconceito.php>. Acesso em: 24 de março de 2005.

BARRETO, Margarida M.S. Uma Jornada De Humilhação. 2000. 266F. Dissertação (Mestrado Em Psicologia Social) Puc, São Paulo, 2000.
RAE – Revista de Administração de Empresas * abril/ jan.2001
CASTELHANO, Laura Marques. O medo do desemprego e a(s) nova(s) organizações de trabalho. Disponível em:
. Acesso em: 05 de março, 2006.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ed. Àtica, 2000.
HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral: A Violência Perversa No Cotidiano. 2 Ed. Rio De Janeiro: Bertand Brasil 2001.
Tempos Modernos. Dir. Charles Chaplin. Estados Unidos. United Artists. 1936.

http://analgesi.co.cc/html/t34664.html

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