FONTE: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/59/artigo191368-1.asp | ||||||||||||
Cabe ao psicólogo hospitalar especializado em Pediatria cuidar das fantasias e angústias das crianças e de seus cuidadores Por Denise Rolim Leal de Medeiros e Fernanda Rizzo di Lione Medicina de Excelência em pacientes muito especiais. Com os avanços tecnológicos, os diagnósticos são cada vez mais precisos e os tratamentos cada vez mais eficazes. Apesar disso, internações em ambientes pediátricos são sempre angustiantes e estressantes tanto para as famílias como para as crianças. Não entendemos como parte do ciclo vital e temos dificuldade em ver crianças ficando doentes, sendo internadas, passando pelos procedimentos e, até, morrendo. Para os pais, há um misto de esperança e medo. Esperança, pois sabem que o hospital é o local mais bem preparado para atender os seus filhos; e medo, pois sabem os riscos inerentes a uma internação hospitalar. Apenas recentemente foi dada importância ao estresse gerado por uma internação hospitalar, tanto para os pacientes como às suas famílias. Por ‘família’ entendemos as pessoas importantes afetivamente para as crianças, independentemente da existência de vínculos sanguíneos. Trabalhar em Pediatria significa atender a criança e a sua “família”. Está havendo uma mudança na visão do atendimento, levando a um cuidado maior com a questão da humanização. O espaço físico vem sendo adaptado, com a presença de sofás ou poltronas para os acompanhantes, decoração mais informal e infantil, presença de sala de brinquedo e televisores nos quartos. Cada membro da equipe acaba por particularizar, individualizar e adaptar seus utensílios e procedimentos para esta faixa etária de pacientes. Neste sentido, há um cuidado com as cores dos uniformes, em especial com o uso do jaleco branco que sabemos de antemão o quanto assusta as crianças. Caso algum membro da equipe perceba que a participação da criança não esteja ocorrendo de forma adequada, é solicitada avaliação da equipe de psicólogos para cuidar da criança e/ou família e facilitar a interação da equipe com essa criança em específico. Cabe ao psicólogo hospitalar especializado em Pediatria cuidar das fantasias e angústias das crianças e seus cuidadores. Para isso, é preciso primeiro avaliar a demanda da criança e sua família e, em seguida, ajustar a metodologia a essa demanda. Concomitantemente, trabalhamos junto com os demais membros da equipe no acerto a essas necessidades e na disponibilidade em atendê-las. Sabemos a importância do vínculo terapêutico na intervenção de toda a equipe de cuidados em geral, e em específico, a psicológica. Todo trabalho psicológico com a criança começa pela formação deste vínculo responsável por possibilitar o contato com a criança e sua família e consequentemente a efetividade da ação psicológica. "Está havendo uma mudança na visão do atendimento, que leva a um Na prática diária da equipe da Psicologia, trabalhamos com as demandas específicas de cada criança ecuidado maior com a questão da humanização" família; ou seja, podemos atender só a criança e conversar com a família sobre como conduzir o processo; podemos atender a criança e um membro da família junto ou, ainda, atender só a família e, através dela, trabalhar as angústias da criança e dos adultos responsáveis. Esses modelos também são flexíveis e uma mesma criança pode num dia ser atendida sozinha pela psicóloga e, no outro, o atendimento ser junto com o seu cuidador principal, dependendo da sua necessidade. Sucesso terapêutico
Ainda com a intenção de favorecer a interação da criança e seus cuidadores com a equipe do hospital e o ambiente hospitalar, as tarefas cotidianas (troca de fraldas, oferecer dietas e dar banho) devem ser realizadas com auxílio dos cuidadores, sempre que possível, assistidos pela equipe de enfermagem. Desta forma, também tentamos diminuir o distanciamento da realidade hospitalar com a vivida em casa. A equipe de nutrição respeita, na medida do possível, os horários e gostos pessoais da criança, adaptando a dieta-padrão fornecida pelo hospital e aumentando a chance da criança criar mais um forte vínculo com a equipe do hospital. Os procedimentos de rotina da enfermagem, assim como os atendimentos fisioterapêuticos devem ser realizados de forma mais tranquila possível, muitas vezes utilizando-se de música e brincadeiras para distrair e desviar a atenção da criança do procedimento que está sendo realizado. Pais e cuidadores Como vimos, os pais ou cuidadores principais são parte do foco da equipe que atua na Pediatria. Assim, parte essencial do atendimento de todos os profissionais é a atenção destinada aos acompanhantes. Em diversos momentos, estes se encontram apreensivos, desestruturados e inseguros em relação ao tratamento dado aos seus filhos, não colaborando com a equipe, e por vezes, dificultando a execução de procedimentos necessários por considerarem que estes irão trazer apenas sofrimento para seus filhos. Em alguns casos, em especial quando as internações acabam se prolongando ou quando a criança não responde adequadamente ao tratamento, os pais acabam por questionar os procedimentos e toda equipe, apegando-se a pequenos fatos para nutrir esperanças e, assim, ignoram ou se recusam a aceitar os cuidados e informações dadas pelos profissionais que estão diariamente envolvidos no cuidado de seus filhos. Este é outro momento em que chamamos a equipe da Psicologia. Cuidar das expectativas e frustrações dos pais é parte do nosso trabalho e cabe ao psicólogo trabalhar com as impotências geradas pelo processo de adoecimento de um filho. Trabalhar em Pediatria exige do psicólogo e de todos os membros da equipe uma leitura ampla que englobe o atendimento às necessidades da criança e da sua “família”.
Denise Rolim Leal de Medeiros é fisiotera | Fpeuta da UTI Pediátrica do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio Libanês. | Fernanda Rizzo di Lione é coordenadora da Unidade de Psicologia Hospitalar do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio Libanês e psicóloga clínica existencial. | ||||||||||
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Intervenção multidisciplinar ao paciente pediátrico e sua família
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Psicologia Hospitalar,
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